domingo, 1 de janeiro de 2012

Vale a pena ler de novo


Todos nós já lemos este texto. Assim como o Peru, o Tender e o CD de Simone, ele reaparece a cada mês de dezembro para nos lembrar que tudo depende do nosso empenho e merecimento.
Compartilho por achar que diferente dos produtos citados, um texto de Drummond não tem prazo de validade e pode ser consumido sem receios sempre que a alma e o coração pedirem. Bom apetite!


Receita de Ano Novo
Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraido do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

2 comentários:

  1. Drummond é sempre maravilhoso. Obrigada por partilhar essa pérola conosco. Feliz 2012 e muito sucesso pras suas malas, heheh www.diariodeumamulherdespeitada.wordpress.com

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  2. Descobri seu blog no Wiki-BB. Belo texto. Parabéns.

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Almoços de Domingo

  Feijão, arroz, galinha assada. Feijão, arroz, carne de porco assada. Aos domingos era ou um, ou outro. Sempre. Mesmo sendo uma família...