domingo, 31 de outubro de 2010

Olê, olê, olê, olá...

A Esplanada dos Ministérios estava movimentada, barulhenta e FELIZ!

No site da Previ

 Vejam minha entrevista no site da Previ: http://www.previ.com.br/

Ao acessar o site, lá embaixo, no pé da página,  tem um banner  - Sala do Participante -  Artes - verso e prosa - Vania Rebelo.

 Eu soube pela minha amiga Flavinha Valle que a Previ tem um espaço para divulgação das artes dos funcionários, sejam aposentados ou da ativa. Flavinha tem um blog fantástico sobre sustentabilidade, o http://www.vallereciclar.blogspot.com/ que está comemorando os 3.000 acessos. Além de textos e dicas sobre o tema, ela expõe também suas charmosas bijus feitas de material reciclado.Eu sou cliente! 

Bem, mas voltando ao site da Previ, fiz o contato, em pouco tempo recebi a ligação e fui entrevistada pelo telefone. A foto é a mesma que saiu na revista bb.com.voce. As categorias são: artes plásticas, fotografia, música, verso e prosa, desenho e animação. Então colegas, vamos ocupar esses espaços, afinal, como dizem, no Banco do Brasil tem de tudo, até bancário!

domingo, 24 de outubro de 2010

Mil acessos!

Amigos,



obrigado de coração pelos comentários e pelo carinho. As possibilidades de interação que o blog tem me proporcionado superam em muito as expectativas que tinha quando, em um domingo de março, criei este espaço de partilha. Hoje, ao constatar que já são mais de mil os acessos, só tenho a agradecer.
Beijos,
A gente se encontra na próxima história!


sábado, 23 de outubro de 2010

Texto coletivo I


      Participei de um curso de técnicas de escrita com Júlio Rocha. Foi um curso rápido, apenas um sábado, mas trouxe informações interessantes. Ao final, produzimos em grupos de três pessoas um texto. Como no dia seguinte aconteceria uma implosão em Brasília bem perto do hotel onde nosso curso se realizava, esse acabou sendo o tema predominante. Gostei muito da experiência. Aqui está o texto do meu grupo.

 A Implosão

- Não saio! Gritou o homem para a multidão que do outro lado da rua aguardava o desfecho da cena. Todas as providências já haviam sido tomadas: os explosivos instalados, a área evacuada e a primeira sirene já havia tocado.

         Abraão morava naquele prédio havia quase vinte anos. Aquele esqueleto inacabado foi o local que o acolheu quando decidiu deixar para trás uma vida abastada e viver da caridade alheia.

      Filho de conhecido político nordestino, o homem de cabelos compridos e longa barba branca aparentava uns sessenta anos. Talvez tivesse menos, mas sua figura desleixada fazia com que parecesse um personagem saído do Antigo Testamento. Chegou em Brasília ainda criança, pouco antes de sua inauguração. Viu a cidade florescer. Tinha costume de correr atrás dos redemoinhos formados por terra vermelha e de se esconder dos ciganos que, diziam, gostavam de pegar criancinhas.

   Teve uma infância feliz e uma juventude despreocupada. Aos 18 anos entrou para a Universidade de Brasília. Foi cursar direito por determinação de seu pai. Ali começaram as primeiras inquietações.

     Eram os anos de chumbo. A partir do contato com os colegas, passou a perceber que a realidade não era exatamente como a enxergava. Colegas desapareciam, eram presos e torturados. Ao questionar o pai, se deu conta de que não havia como explicar a fortuna da família nem seu envolvimento nas tramas políticas que causavam revoltas no meio acadêmico.

     Numa noite de agosto de 1968, saiu para encontrar a namorada no barzinho de sempre. Ao se aproximar do local percebeu que uma veraneio escura, com três homens a bordo, estacionou em frente ao bar. A namorada, que vinha ao seu encontro, foi jogada com violência para dentro do carro.

     O jovem procurou seu pai, pedindo que intercedesse no caso. O pai, apesar da alta posição no governo, negou qualquer auxílio e disse que havia denunciado a moça para afastar o filho daquela subversiva. Abalado com a revelação, ele continuou a procurar pela namorada, mas nunca a encontrou.Desde então decidiu romper com sua família, deixou para trás dinheiro, posição e até mesmo seu nome, e passou a perambular pelas ruas, chamando pelo nome de sua amada.

    Toda essa história voltou à memória no instante em que seu único refúgio estava prestes a ser implodido. Na primeira vez que passou por ali, viu sua namorada entre as colunas, acenando para ele. A partir daí, passou a morar lá, já que o prédio estava abandonado. O frio e a umidade não o incomodavam. Qualquer sacrifício valia a pena para ficar perto de seu amor.

- Vocês não vão nos separar de novo! Gritava o homem.

- De que diabo ele está falando? Perguntou o engenheiro a um dos operários. - Será que tem mais alguém ali?

   Ao entrarem no prédio, os bombeiros constataram perplexos que o homem havia se acorrentado a uma das colunas. Seu semblante estava tranquilo e esboçava um leve sorriso, como se nada o pudesse atingir.

  No ar, antes insalubre, os bombeiros sentiram que pairava um doce perfume de mulher.

  Autoria: Carlos Cesar, Claudia Marins e Vânia Rebelo em 18/09/2010





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Meu primeiro fotolivro

         Sempre adorei tirar fotos. Antes da chegada das máquinas digitais, eu era a rainha das revelações. A coisa era tão séria que quando viajava,  eu reservava o dinheiro das muitas revelações de fotos que faria na chegada. Algumas viagens renderam bons álbuns. Outras, apenas aqueles pequenininhos com uma espiral plástica, esquisitíssimos se olhados com os olhos de hoje.

         Demorei a comprar minha primeira máquina digital e mesmo assim, quando o fiz, foi uma de segunda mão. Depois parti para a que uso agora e me inscrevi num clube de fotografia. Assim, com maior intimidade, me aventurei a fazer das fotos das férias desse ano o meu primeiro fotolivro. Como penei!

        Parecia tão simples, bastava baixar o aplicativo, depois escolher as fotos no arquivo, os enfeites, as cores das páginas,  escrever o texto e pronto! Mas aí começaram os problemas.

      O custo do fotolivro depende do numão me cansavaero de páginas que você manda revelar. E aí? Como selecionar, entre as quase mil fotos que foram tiradas, uma quantidade civilizada para fazer o tal fotolivro? Difícil, muito difícil.

         Mas enfim, praticando o desapego, escolhi as fotos. Meu fotolivro não é um documentário de viagem, mas a minha visão do que foram os dias que passei na Itália. Comidas, paisagens, pessoas e sentimentos reunidos em oitenta páginas. A empresa que escolhi para imprimí-lo promete entregá-lo em até oito dias úteis. Agora só faltam sete!
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               Pois não é que passados apenas quatro dias, ao chegar em casa eis que me aguardava o meu fotolivro! Fiquei feito criança, não me cansava de olhar e folhear as páginas, ficou tão lindo. Foi como rever os melhores momentos da viagem. O acabamento ficou primoroso e valeu cada centavo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Um consenso dentro do Censo


Tenho visto aqui e ali cartazes lembrando que começou o Censo 2010. Nos mesmos cartazes, aparece a figura do recenseador e é solicitado a todos que recebam bem este profissional que presta um serviço de inegável valor ao país. O pedido faz todo sentido. Afinal, nestes tempos de insegurança, existe um justificado temor da população em abrir a porta de casa para um estranho. Mas nem sempre foi assim.

                      Em 1980 eu era uma estudante do segundo ano de Administração de Empresas momentaneamente desempregada, após sair de meu primeiro emprego. Surgiu então a chance: A seleção para recenseador do IBGE e um trabalho desafiante. Após ser aprovada na seleção, começou então o treinamento. Uma das questões que mais preocupavam os candidatos era a possibilidade de deslocar-se para locais perigosos e de difícil acesso. Comigo isso não aconteceu, pois fui aprovada numa boa classificação e pude escolher onde faria meu trabalho. Claro que escolhi minha rua e região. Jamais poderia imaginar as emoções que me esperavam.


             Na época eu morava em Salvador no bairro da Barra, mais precisamente no que se chama Barra Avenida. Era uma área na época praticamente toda residencial, diferente do que hoje lá acontece. Fiz meu trabalho com relativa facilidade, adorei a experiência de conversar com tanta gente que eu não conhecia, fiz amizades, me diverti. Lembro que cheguei num sábado em uma casa onde se preparava um grande almoço de aniversário. Acabei sendo convidada, fui e virei a atração da festa. Bem, mas voltando ao trabalho em si, terminei minha parte bem rápido, toda feliz e minha coordenadora então me perguntou se eu não toparia fazer outro território, que era como chamavam as áreas destinadas a cada recenseador. Perguntei onde seria, afinal, eu havia feito meu trabalho todo a pé, nos intervalos das aulas. Ir para longe complicaria minha vida. Ela respondeu que perto, era. Só que... era uma favela.


         Para algumas pessoas que ainda hoje só conhecem o bairro da Barra superficialmente, afirmar que havia tão perto uma favela pode soar como uma invenção. Só que não só havia favelas, como algumas estão lá até hoje, como a Roça da Sabina e o Calabar. A que eu tive a oportunidade de conhecer não mais existe. Chamava-se Lasca Fogo e no seu lugar, ergueu-se o Shopping Barra. Não consegui descobrir qual o paradeiro daquela população após a desocupação da área. A favela se estendia por uma área muito extensa, sendo que do alto do morro descortinava-se uma linda vista para o mar. Quem hoje anda pelo shopping nem imagina o que já foi aquela região antes da chegada das escavadeiras.


         Pois então, topei o desafio, ou alguém duvidava disso? Comecei pela parte de baixo, e aí surgiu a primeira dificuldade. Nos dias de chuva era impossível subir o morro, pois, o barranco se transformava numa pequena cachoeira. Precisava de paciência. Era um mundo novo para mim. Em 1980, pelo menos em Salvador, não existia a associação direta entre favela e crime. Tanto que para todas as pessoas que souberam do trabalho que eu estava prestes a fazer, a família inclusive, a preocupação era em relação a pobreza, mas ninguém temeu pela minha segurança.


          O fato é que à medida que eu ia subindo, as pessoas que eu entrevistava me perguntavam se eu iria a todas as casas. Eu respondia sempre que sim, e aí, vi surgirem piadinhas em relação a uma casa que ficava lá no alto do morro, ao lado de uma venda. Como ninguém dizia o motivo das piadas, esperei chegar ao final do trabalho para desvendar o mistério. Por mais que tentasse, nunca poderia imaginar o que estava por vir.

         Ao chegar à pequena casa que para mim já era uma grande interrogação, fui recebida por uma mulher de meia idade muito simpática. Entrei, sentei-me no sofá velho e furado, e constatei que além dela ali moravam seu marido, sua irmã, algumas crianças e um carneiro. Abri meu formulário e comecei as perguntas. O que ela me relatou me deixou abismada.


         Como já disse, moravam, além dela e do seu marido, sua irmã e as crianças, filhas de ambas. Até aí, nada de mais, a não ser o fato de que todas as crianças eram irmãs por parte de pai, pois todas eram filhas do mesmo homem, o dono da casa. Precisei perguntar de novo, para ver se havia entendido bem. Sim, era isso mesmo, elas partilhavam o marido. Com calma e serenidade ela me explicou que antes de morar em Salvador, ela vivia com a família numa região paupérrima do interior da Bahia, onde a seca dura vários meses, trazendo com ela a fome e a falta de perspectivas. Numa dessas secas, o marido dela então solteiro, fazia uma viagem pela região. Seu pai, desesperado, ofereceu ao homem uma de suas filhas, no caso ela, para ser sua mulher e escapar do cruel destino que ele acreditava estar reservado para toda a sua família. Solteiro na época, o homem conversou com ela, achou-a segundo ele me disse depois, honesta, e a trouxe então para Salvador onde passaram a viver como marido e mulher. Aos poucos, ela se acostumou com a vida nova e, fora a saudade da irmã mais nova, vivia bem.

             Passado algum tempo, recebem eles uma carta onde o pai pedia que, por favor, eles fossem buscar a irmã mais nova, pois a situação estava ainda muito pior que antes. Assim foi feito, e ela, feliz da vida, trouxe para casa sua irmã, a quem ela tratava com carinho de mãe. Passado algum tempo, a moça começa a fazer amizades, começam os primeiros namoros. Aí é que vem a surpresa. Com a maior calma do mundo, a dona da casa me diz que ela não queria de jeito nenhum que a irmã fosse embora, levada por algum vagabundo. Assim, para manter a irmã em casa, ela propôs que ambas dividissem o mesmo marido, assim, ficariam todos juntos e cuidariam juntas das crianças que viessem. A irmã aceitou e só depois o marido foi comunicado. Perguntei o que ele achou e ela respondeu que no começo não achou certo, mas depois, se acostumaram todos a viver desta forma.


            Estávamos nessa parte da história quando o dono da casa vem, chegando de sua vendinha. Pela minha cara ele entendeu que eu sabia da história da família. Simpático, me ofereceu uma cachacinha que eu, educadamente, recusei. Chamou as crianças e foi me apresentando, dizendo quais eram as filhas de uma e de outra, enquanto eu ia preenchendo meus papéis. Sua esposa, orgulhosa, acompanhava a cena. A casa apesar de muito pobre, tinha uma atmosfera de paz. Antes de sair, ao me despedir, sou apresentada a outra moradora que vem chegando da rua. Ela sorri para mim um pouco envergonhada. Antes de descer o morro olho para trás, e retribuo o aceno que esta diferente família me faz da porta. Havia ali sem dúvida, um consenso.

           Ninguém fica indiferente a esta história. Alguns se revoltam, outros sentem pena, outros ainda insistem em achar que elas foram obrigadas a isso. Eu, que ouvi a história diretamente de dois dos protagonistas, prefiro respeitar.

          Isso aconteceu em 1980. Dez anos depois, já trabalhando de forma estável, novamente me inscrevi na seleção e novamente atuei. Só que dessa vez em outro bairro, e percebi claramente o medo que começava a rondar a população. Neste ano, juro que pensei em me inscrever, mas a minha absoluta falta de tempo me impediu de tentar. Lembrei de tudo isso enquanto respondia a simpática recenseadora que agora lança meus dados no seu aparelhinho hi-tec. Saudades de 80...

Almoços de Domingo

  Feijão, arroz, galinha assada. Feijão, arroz, carne de porco assada. Aos domingos era ou um, ou outro. Sempre. Mesmo sendo uma família...