quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma experiência no Amazonas


Estar no Amazonas é uma experiência única.
A viagem é também para dentro: conhecemos novos sabores e paisagens, novas formas de pensar e ver o mundo. Rompemos nossos próprios preconceitos.
Manaus, cidade que tentei entender nos dois dias em que lá estive. Espalhada como os braços do rio, quente e úmida mas receptiva, acolhedora.
O encontro dos rios Negro e Solimões ensina a convivência próxima dos diferentes: Os rios correm 17 quilômetros lado a lado e não se misturam...


O curso BB Educar no assentamento, esta sim, a grande aventura.
Cinco dias sem espelho, sem celular, sem internet, sem "rádio e sem notícia das terra civilizada".


Calor de mais de 40 graus, transporte escasso, mas a turma super motivada.
Histórias de onças, comuns na região.
Uma aluna me contou que certo dia, ouviu um alvoroço no galinheiro. Pensou que fosse ladrão. Ao chegar lá, surpresa: Uma onça!
Perguntei de imediato o que ela fez. Tranquila me respondeu que após o tiro certeiro dado pelo marido, ela não pestanejou: Fatiou a invasora, fritou com bastante alho e cebola, chamou os vizinhos e fizeram a festa. Coisas da floresta...

Banhos ao ar livre. De manhã bem cedo, de biquini tomo meu banho no chuveiro do lado de fora da escola. Inesquecível a sensação, água gelada correndo sobre o corpo, tenho como cenário a floresta. Corajosa, ainda me arrisquei num mergulho no igarapé que conheci num passeio com os alunos.

Tantos sabores...
Pacu, tambaqui, pirarucu, tucunaré.
Açaí,cupuaçu,murici...o que vier.


Tanto o que lembrar...
Formamos 24 alfabetizadores.
Atuei com Mariza, que só conhecia de vista e foi muito, muito legal.
Mulher guerreira, doce, séria e engraçada.
Os alunos fizeram uma apresentação para nos homenagear relatando o que o curso representou para eles.
Ficou lindo!

Algumas falas de alunos:

Marisa (agente de edemias, ou seja, analisa as placas para ver se a pessoa contraiu malária)
"Quando chego no INCRA tem gente que diz que eu não sou assentada. Só por que ando de salto alto! Pensam que assentado tem que andar sujo de terra e desarrumado. Eu não! Sou assentada mas ando nos trinque!

Olga ( agricultora, assistiu ao curso com dois tumores, levantava de vez em quando, respirava fundo. voltava)
"Professora Vânia, eu amo você muito. Vou rezar pra Deus todo dia e ele vai te fazer muito feliz"

Seu Santana (agricultor)
"Eu penso que se a gente não tem transporte melhor é porque a gente não se une".

Seu "baiano" ( motorista do ônibus que transporta os alunos, criador de abelhas)
"Quero te apresentar... minha abelha rainha" - ao me apresentar a sua esposa.

Saudades de todos.

Tarumã-Mirim (AM), agosto de 2009




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