sábado, 13 de março de 2010

O que aprendi com Odair José


Brasília, julho de 1997.

Eu havia acabado de ser aprovada em um processo seletivo interno que me conduziria enfim a trabalhar na área dos meus sonhos: Gestão de Pessoas. Durante três semanas profissionais aprovados de todo o País se reuniram em Brasília para alinhamento, troca de experiências e assistir a palestras de personalidades da área de educação. O entusiasmo era contagiante.

No final de semana chegou a notícia: Odair José se apresentaria em Brasília. Imediatamente alguém sugeriu: e se fossemos todos para o show? Riríamos das músicas bregas, da performance do cantor, compraríamos rosas para entregar a ele bancando as tietes.

Noite do show, saímos do hotel para comprar as flores. No Teatro, platéia escassa. E eis que chega o artista da noite: humilde, acompanhado de dois músicos, roupas puídas, instrumentos gastos. O cantor se depara com a platéia quase vazia e suspira. Para nosso espanto ele pergunta: “Vocês vieram aqui para me ver mesmo?”
Respondemos: “Sim!”

Nessa hora, tudo mudou.
Qual era mesmo a palavra chave da palestra do dia? Comprometimento!
No palco, os músicos que antes pareciam desanimados, renasceram e o cantor se transformou como se a sua frente estivessem centenas de pessoas.

No nosso grupo, o silêncio.
“Acreditar no que se faz”, disse outro palestrante. Observo aquele homem magro, sofrido, tentando levar a uma platéia mínima um entusiasmo de outros tempos. Meus colegas nem piscam, concentrados. Sinto-me pequena, enquanto lembro das palavras ouvidas durante a semana: carreira, sentido, motivação, profissionalismo, entusiasmo, respeito. Quanta pretensão, a nossa...

O show chega ao fim e uma colega pergunta: “O que faremos com as flores?”

Ao invés de responder, outra colega se levanta e caminha decidida para o palco, colocando sobre ele a sua flor.

Naquela noite gelada de julho, dez pessoas que aprendiam a trabalhar com pessoas caminharam para o palco onde Odair José se apresentava e depositaram ali suas flores com respeito e reverência. Afinal, a lição que precisávamos aprender, ele sabia de cor!

5 comentários:

  1. Oi Vania!!! Parabéns pelo livro, pelo blog, enfim por ser tão retada qto uma baiana deve ser.
    Me sinto previlegiada por fazer parte do seu convivio e de ter tido a honra de comemorar na minha casa os seus 50 anos, junto com os meus 54.
    Abraços e beijos de Iara (em nome das amigas da VIDA)

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  2. Iara querida,
    a honra é minha de fazer parte de um grupo tão seleto.
    Beijos para todas as amigas da VIDA!

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  3. Vânia,

    Adoro o post do Odair. Muito bom.
    Parabéns pelo blog. Ficou lindo!
    Beijo

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  4. Esse texto já é famoso... Orgulho de você!

    Querida, seja bem-vinda à blogosfera! No que depender de mim, ainda trocaremos muitas figurinhas. Adoro!!!

    Que tal agora uma conta no Twitter?

    Beijo da Aninha Paula

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  5. Passei o dia super curiosa para ler seu texto, já que infelizmente o link no post do blog do banco não carregou nas minhas diversas tentativas hoje!
    Estou arrepiada com este texto... consegui imaginar ele entrando no palco e vcs enquanto pequena plateia se transformando... aprendendo... Felizes daqueles que se permitem mudar e crescer! Parabéns pelo blog tbém! Pode ter certeza que serei uma visitante regular! Beijos!!

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