segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quatro anos em Brasília

conjuncoesdavida.blogspot.com
Tentei começar de outra forma, mas não tem jeito, tem que ser assim: Parece que foi ontem e parece mesmo.
No dia 27 de Abril de 2007 acordei ansiosa. Afinal, mesmo tendo uma convivência de 15 anos com a cidade e grandes e queridos amigos aqui, uma coisa é viagem a serviço e outra coisa, bem diferente é se mudar com mala e sonhos.
Para evitar choro, não aceitei nenhum dos bondosos oferecimentos para me levar ao aeroporto. Queria que minha nova vida tivesse início com o som da batida da porta do táxi. Meus pais, imagino com que esforço, desceram comigo no elevador e ficaram ali, obedientes e quietinhos por trás das grades do prédio. O motorista acelerou e meus pensamentos voaram.
A decisão de mudar para Brasília veio após muita reflexão. Minha vida precisava de mudanças. Eu era feliz em Salvador mas minha vida era extremamente previsível. Eu estava insatisfeita pessoal e profissionalmente. Então, num domingo qualquer, numa dessas tardes de ruas calmas, andando por uma praça em Salvador, senti uma angústia forte e dentro  de mim uma voz falou: Preciso de uma nova vida. Aí, comecei o processo de construção.
Mas voltando ao dia 27 de Abril, no aeroporto tive a surpresa de encontrar duas amigas queridas que não se conformaram e foram se despedir de mim: Mamy e Ivone. Tomamos café e demos boas risadas. Recebi também um abraço da mãe de Carlos Alberto que levou uma encomenda para que eu entregasse a ele, já que aqui em Brasília ele, meu amigo há quase trinta anos, estaria me esperando como sempre. Isso, era o que eu achava.
Chegando ao aeroporto da cidade por mim escolhida para a minha nova vida, pego as malas e me encaminho para a saída. Jamais poderia imaginar o que me esperava.
Após chegar ao saguão, percebo que ao invés de um amigo, havia uma comitiva: Carlos, Humberto, Soraya e Regina. Que surpresa boa! Carlos, bancando o fotógrafo, tira, de forma bem teatral várias fotos da minha chegada. Depois, me entrega uma peruca azul garimpada creio eu, em alguma performance teatral. As meninas me entregam um belo buquê de girassóis, minhas flores preferidas. Imediatamente coloquei a peruca. Precisa dizer alguma coisa sobre as caras de espanto das pessoas em volta?
Depois dos beijos e abraços, Carlos Alberto como de vez em quando dizia, nos chamou: Vamos pegar a limousine. Esta era a forma como ele se referia a vários carros que já teve. Fomos saindo e quando de repente, na calçada... Havia uma limousine! Eu não podia acreditar, uma limousine com motorista e tudo. O motorista aliás, gentilíssimo, estava do lado de fora com a porta aberta nos aguardando. Dentro do carro, que parecia mais um salão de festa, cidra e taças para brindar a minha chegada. O motorista havia na véspera conduzido a Miss Brasil num tour por Brasília e eu estava ganhando de presente dos meus maravilhosos amigos o mesmo tour de presente.
E que tour era esse? Ora, passeio por Brasília e seus pontos turísticos com direito a parada para fotos. Foi hilário. A cada parada, descíamos todos,  ante o espanto dos moradores e demais turistas. Que celebridades eram aquelas, passeando de Brasília a bordo de uma limousine? Na parada na Ponte JK então, foi um frisson. Esqueci de contar, que para dar um toque ainda mais irreverente, no DVD do carro, um show de ... Reginaldo Rossi, cantor que sempre animava nossas festas em Salvador quando queríamos dar um toque brega. Nem isso faltou.

Rodamos, rodamos, rodamos. Depois fomos devolver a limousine e procurar algum lugar para comer. Nossa noite acabou em pizza. Por mais que tentasse, nunca poderia agradecer o suficinte  a forma carinhosa e surpreendente com que fui recebida. Sabendo que era um dia muito especial, meus amigos inovaram na recepção, que foi alegre e descontraída.
Ter tido tão calorosa recepção certamente influenciou a minha chegada. Nos dias que se seguiram tive uma adaptação fácil, sem estranhamentos. Gosto de morar aqui. Gosto do silêncio da cidade, da programação cultural, de andar no Parque, do lugar onde moro. Tinha alguns amigos aqui e fiz novos, vivi histórias, me reinventei. Aqui também decidi escrever as crônicas, criei o blog, voltei a dirigir. Conheci grupos, participei de várias atividades onde conheci pessoas novas. Profissionalmente, nestes quatro anos fiz trabalhos novos e desafiantes,  aproveitei todas as oportunidades que surgiram e aproveitarei as que ainda virão. Estou feliz.
Sou muito grata a todas as pessoas com quem convivo e que de certa forma constituem a minha família em Brasília. Em relação a isso, no filme Sob o sol da Toscana, há um momento em que a protagonista percebe que uma família não precisa ser formada por pessoas unidas por laços de sangue. Numa bela cena, estão reunidas numa mesa pessoas de origens distintas e que acabaram formando uma família.  Aqui, assim como no filme, tenho amigos de diferentes procedências e nos reunimos sempre. Estar sozinha aqui é um fato, mas em nenhum momento me sinto solitária. Não acho as pessoas de Brasília diferentes das demais, nem tive qualquer problema de adaptação. Esta cidade, com seus grandes espaços, linhas retas e algumas curvas, definitivamente me conquistou.

16 comentários:

  1. Vânia,
    Seu texto me lembrou a hospitalidade da turma do BB em Brasília. É uma cidade que marcou minha vida, também, apesar de não morar lá.
    Brasília merece cada letra de sua linda homenagem.
    Liduína Benigno

    ResponderExcluir
  2. Vânia,

    incrível ser já 4 anos que vc está em Brasília!
    Vc é sempre bem-vinda! O tempo voa...
    Parabéns por seu blog: está lin-do!!!
    Abraços e ótima semana!

    ResponderExcluir
  3. Oi, Vânia!
    Quatro anos?
    Nossa, como foi rápido e, com certeza, intenso!
    Parabéns!!
    bj
    Josie

    ResponderExcluir
  4. Vânia,

    Me lembro de você e de nós na época em que compartilhamos a faculdade e a HStern e, pelo que me lembro, você estava sempre uns passos à frente. Como outras tantas, essa sua opção de ir morar em Brasília (aliás, onde eu morei por dois anos)demonstra que você continua na sua escalada de forma muito consciente, madura, feliz. Bjos. Muito gostoso o modo como você escreve. Nadja

    ResponderExcluir
  5. Querida Vampinha, fico feliz por saber que sua decisão em mudar de vida indo para Brasilia, trouxe mais alegria pra sua vida!Claro que pinta uma pontinha de ciúme...junto com saudade e a falta que voce faz aqui em Salvador, mas continuo torcendo e vibrando para que seu sorriso brilhe onde quer que esteja! Abreijos, Xaxinha

    ResponderExcluir
  6. Que massa!!! Me senti nessa recepção! Que pessoal criativo! Nunca imaginei que sua chegada tivesse sido assim, tão calorosa! Você merece!
    Beijos,
    Anita

    ResponderExcluir
  7. Vaninha querida,

    Que história!!! Não sabia dessa.
    E que amigos especiais esses, hein?
    Só tenho a dizer uma coisa: que bom que está aqui em Brasília e de volta à Geduc.

    Beijo!

    ResponderExcluir
  8. Lindo demais.
    Sem comentarios.
    beijos Iara

    ResponderExcluir
  9. Parabéns, querida.
    Mais 4 anos e vc volta aposentada? Heheh...
    mas acho q. o cerrado lhe seduziu total...
    Bj

    ResponderExcluir
  10. Oi, Vânia,

    Apesar de já ter passado um bocado de tempo, quero dizer que li (no dia 26, para ser exato) e gostei demais! Espero que os próximos quatro e mais quatro e mais quatro sejam cada vez mais plenos.

    Abraço

    ResponderExcluir
  11. Minha amiga,

    Que bom que tudo deu certo. Que bom que você, embora anuncie mudanças, ainda continua a pessoa sensível e doce de sempre.
    Sinta-se carinhosamente abraçada.
    bjs

    ResponderExcluir
  12. Como sempre suas histórias são sempre uma inspiração!!!
    Amigos maravilhosos são fruto de relações entre pessoas maravilhosa! Se eles existem, é porque você os cultivou e cativou. Ponto prá você!!
    Grande beijo!!!
    Lília

    ResponderExcluir
  13. Vâni fiquei com lágrimas nos olhos, amigos são escolhas da alma, beijo grande...

    ResponderExcluir
  14. Vaninha minha mamãe,
    desse jeito até eu fico com vontade de ir morar em BSB!! Quando estiver voltando, nos comunique antes para bolarmos uma recepção tal esta do Planalto Central, quem sabe com Olodum no Aeroporto e um desfile em carro aberto por toda a Orla? Beijos e saudades...

    ResponderExcluir
  15. Não tinha idéia de como os seus textos são absurdamente envolventes : fico muito feliz com esse reencontro: bjo !

    ResponderExcluir
  16. Simplesmente adorei!!! Parabéns pelos textos, pelas fotos, por você. Bjão

    ResponderExcluir

Almoços de Domingo

  Feijão, arroz, galinha assada. Feijão, arroz, carne de porco assada. Aos domingos era ou um, ou outro. Sempre. Mesmo sendo uma família...