quarta-feira, 27 de abril de 2011

A princesinha come-come

(Para os queridos colegas da Dipes/Diage)

Num reino distante, vivia uma linda princesinha. Ela era doce, alegre e seus cabelos formavam lindos cachinhos dourados. Ela se parecia com as outras princesas em muitos aspectos. Mas tinha um, que era diferente.
Enquanto as outras princesas gostavam de passear pelo bosque, colher flores, bordar e tocar harpa, a nossa princesa gostava de uma coisa: comer. E muito. Grandes pratos de comida, sanduíches estratosféricos, sorvetes e Milk shakes duplos. Por causa disso, sem que ela soubesse, seus súditos a chamavam de “princesinha come-come”.
Num dia em que todos no castelo se preparavam para uma grande festa, a princesinha acordou atrasada. Quando chegou à cozinha não havia mais ninguém e o que é pior, ela não encontrou nada para comer.
A princesinha ficou preocupada: como iria fazer para conseguir comida? Já sei, pensou ela, vou ter que pedir ajuda e se dirigiu para o grande salão.
Antes de chegar ao salão ela encontrou um nobre fidalgo. Ele era uma pessoa querida por todos e sempre estava pronto para ajudar.
- Fidalgo! Fidalgo! Por favor, me ajude! Estou com fome e não sei onde encontrar comida!
O fidalgo olhou para a princesa e ficou pensativo.
- Alteza, eu adoraria ajudar, mas... É que estamos organizando esta grande festa e todo o orçamento está sob minha responsabilidade. Neste castelo ninguém gasta nem uma moeda de ouro sem me consultar, disse ele, com uma pontinha de orgulho.
- Mas fidalgo, estou com fome! Gritou a princesa. Por favor, me ajude.
- Nobre senhorita, comprometo-me a ajudar assim que me reunir com os cavaleiros, afinal, estou também organizando uma competição... e foi saindo.
A princesa saiu desanimada. Sua fome só aumentava. Comida, comida, comida, comida, pensava distraída quando esbarrou numa das damas do castelo.
- Nobre dama, que bom encontrá-la! Preciso de... começou a princesa. Só então ela notou que havia algo diferente com a dama. Ela usava vários agasalhos, um gorro, cachecol, grossas meias e luvas, apesar do lindo dia de sol que estava fazendo. A dama parecia estar com muita pressa:
- Princesa, perdoe-me, estou com muita pressa, preciso me enrolar nos meus cobertores, falou a dama, aflita.
- A senhora está com frio? Por acaso está doente? Perguntou a princesa.
- Não, princesa. Mas é que com o frio que está fazendo, com certeza em breve vai nevar. Sua Alteza deveria procurar o Visconde, disse a dama enquanto se afastava rapidamente.
Ah! O Visconde era uma das pessoas mais queridas do castelo. Estava sempre sorrindo, mostrando suas lindas covinhas no rosto. A princesa foi correndo ao seu encontro:
- Senhor Visconde, senhor Visconde!
- Linda princesa, em que posso ajudá-la?
- Comida, comida, comida, comida... repetia a princesa sem parar.
- Hum, deixe-me ver. Disse o fidalgo. Estou preparando a divulgação desta festa. Desenhei alguns cartazes, pensei também em fazer uma filmagem...Será que poderia divulgar também este fato, a sua fome?
- Como? Eu preciso é de comida e não de divulgação, disse a princesa.
- Mas a fome é em si um fato relevante, insistiu o Visconde, poderíamos desenhar uma enorme boca....Afinal, numa comunicação eficaz precisamos...O Visconde nem percebeu que a princesa foi saindo de fininho...
Que fazer? A princesa decidiu descer para o pátio, com certeza lá encontraria alguém para ajudá-la. Nem bem chegou ao pátio e se deparou com sua tia, que carregava uma mala redonda, destas de carregar chapéus.
- Tia, tia, me ajude, por favor. Estou sem comer até agora, e não sei onde conseguir comida.
Sua tia, que era muito bondosa, lhe deu um abraço e disse:
- Minha querida, infelizmente hoje não posso ajudar. Eu já tinha marcado esta viagem, e, como você pode ver, estou de mala pronta. Por que você não procura ajuda com o Conde?
Boa idéia! O conde era conhecido como uma pessoa muito boa, com certeza ele iria ajudá-la. Foi em busca do conde, e encontrou-o às voltas com os escudos e armaduras da cavalaria. Ela expôs a ele seu problema. O conde suspirou:
- Então. Por acaso Sua Alteza planejou acordar tarde e sentir fome a esta hora?
- Claro que não! Respondeu a princesa confusa.
- Este é o problema deste castelo! Ninguém planeja nada! Onde já se viu? Tinha que planejar! Agora quer que eu consiga comida! Assim não dá! Veja meu problema: chamaram cavaleiros demais e agora não tem armadura para todos. Ninguém planejou, não planejam. Como é que eu vou dar jeito agora?
A princesa desistiu e foi saindo de fininho. A condessa que vinha chegando, veio ao seu encontro:
- Princesa, ouvi sua conversa com o conde. Posso ajudá-la?
- Viva! Viva! Gritou a princesa, já imaginando as deliciosas iguarias que iria saborear.
- Vamos ver se entendi, disse a condessa. Você acordou tarde.
- Sim, sim, disse a princesa.
- Foi até a cozinha e não achou comida.
- Isso, isso, isso, disse a princesa empolgada.
- E não havia ninguém para ajudá-la.
- Certo! Gritou a princesa.
- Então, se é assim, “we have a situation”, disse a condessa. Posso ajudá-la.
- Oba, oba, oba!
- Estou chegando da vila, tenho aqui comigo um delicioso chá de asas de dragão, bifes de serpentes e pão preto.
- Eu quero Cheeseggburger, sanduíche de bacon, brigadeiro, Milk shake, pizza, sorvete!
- Mas Sua alteza precisa cuidar da sua qualidade de vida... Começou a condessa
Não gosto de nada disso! E saiu correndo pelos jardins.
A princesa correu, correu, correu até que ouviu que alguém a chamava.
Olhou para trás e percebeu que embaixo de uma árvore estava um grupo de damas reunidas. E o que era melhor: Estavam fazendo um picnic. Entre elas, estavam algumas de suas primas.
Uma delas, a que a chamara, perguntou:
- Aonde vai com tanta pressa?
A princesa contou sua história e sua prima a tranquilizou.
- Fique conosco: temos pão, queijo, frutas, mel, bolos e doces.
A princesa não pensou duas vezes: serviu-se de pão com queijo ao mesmo tempo em que enchia a mão de uvas verdinhas, deliciosas.
Sua prima, que aproveitava para brincar com sua linda filhinha, ria da princesa:
_ Cuidado, não vá se engasgar.
Outra prima sorriu para ela:
_ Só agora fiquei livre. Sabe como sou, eu que cuido das audiências do rei, e enquanto elas não acabam não tenho descanso.
A outra prima respondeu:
_ Sempre nos encontramos quando temos uma folga e fazemos este picnic. Você sempre será bem vinda.
A princesinha sorriu feliz, limpando as bochechas sujas de bolo e mel. Passaram o resto da tarde juntas, até a hora em que todas foram se preparar para a grande festa da noite. Para a felicidade da princesa, a mesa estava farta e cheia das coisas que ela mais gostava. Foi uma noite muito feliz!









3 comentários:

  1. Vânia, ao ler seu texto lembrei das imagens de homem e de mulher que me fizeram dá risadas e até gargalhas com a leitura de um livro de Raquel Sánchez, que se chama "Troco o príncipe encantado pelo lobo mau: uma guia para se livrar dos ideais ultrapassados".

    um abraço,
    Vladimir Félix

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  2. Sou eu! Sou eu! Sou eu! Estou de dieta, mas sou eu! rsrsr. Obrigada, Tia Vânia. Sinto sua falta...

    Beijão

    Natasha

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  3. huahuahuahuahauhauhaua
    Dá até pra ouvir as vozes de tão amáveis personagens. Amei! Gente muito boa essa desse palácio!

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Almoços de Domingo

  Feijão, arroz, galinha assada. Feijão, arroz, carne de porco assada. Aos domingos era ou um, ou outro. Sempre. Mesmo sendo uma família...