Se a quarentena nos afastou do convívio dos amigos, dos passeios,
da vida cultural e demais interações presenciais, ela nos fez ficar ainda mais
conectados. Nunca se postou tanto, nunca se zapeou tanto, nunca se viu tanta live e tanto zoom.
Comigo isso também aconteceu. Não me considero uma pessoa com
muitas dificuldades tecnológicas, inclusive cedo tive que me adaptar a esse
mundo por força do trabalho. Assim, não foi difícil me acostumar com a nova
rotina de reuniões virtuais, que servem principalmente para matarmos as
saudades daqueles que lá estão, nos quadradinhos. Com tempo sobrando, pude
colocar em prática um desejo antigo: Um grupo para discutir filmes. Não só um,
mas dois.
O primeiro grupo, hoje com onze componentes, surgiu a partir
de uma conversa com integrantes de um grupo maior do qual eu participava.
Joguei a ideia e algumas pessoas se interessaram. Criei o grupo no zap, sem muita pretensão e organizamos
uma escala para que cada um tivesse sua hora e vez de indicar um filme, segundo
sua preferência. Passei a organizar as
reuniões no zoom e fomos começando.
A princípio apenas comentávamos os filmes. Alguns mais
detalhistas e técnicos, já outros comentavam a partir de seus sentimentos e percepções.
Até que um dia um filme francês mudou tudo, pois sua bela história encontrou eco
nas vivências de uma participante. A arte e a vida se encontraram numa forma
bonita e afetuosa e ela generosamente partilhou esse capítulo da sua vida com o
grupo. Estava criado o vínculo. Já não era mais um grupo que se atinha a um
conteúdo cinematográfico, e, pessoas que nem eram tão próximas, criaram um elo
de amizade, carinho, confiança e partilha. Nossos encontros acontecem
virtualmente duas vezes por semana, mas a interação agora é diária. Já
completamos trinta filmes vistos e discutidos e creio que temos fôlego para ir
bem mais além. Inicialmente usávamos a forma gratuita do zoom, que logo se mostrou insuficiente para nossa interação. A
solução foi passar a usar a forma paga, que é dividida entre todos. Planejamos também
encontros presenciais para quando isso for possível e cada reunião nos traz
novas e felizes descobertas.
Animada com o resultado do primeiro grupo, propus a três queridas
amigas de longa data que, por sinal são irmãs, que repetíssemos a experiência.
Ao nosso quarteto foi incorporada uma nova participante, que talvez por estar
em Minas, contribua com uma dose extra de doçura. Nosso encontro acontece nos
finais de tarde de domingo. É o nosso chá cinematográfico. Aguardo ansiosa por
essas tardes. O curioso é que estamos em cidades diferentes, mas a proximidade
é tanta, nem parece...
Participar dos grupos de cinema me trouxe um encantamento
ainda maior pela sétima arte. Agora minha percepção é outra. Costumo dizer que
nunca vemos um filme duas vezes, pois certamente quando o vimos antes estávamos
em outro momento de vida e agora o vemos com outro olhar. Se em algum dia eu
fosse elencar os aprendizados da quarentena, certamente meus grupos de cinema
mereceriam um Oscar.
Tantas funções tem a arte...
ResponderExcluirVânia você sempre criativa, mais uma atitude extraordinária, parabéns, viva a cultura, viva a sétima arte, 👏👏👏
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