sábado, 15 de agosto de 2020

Coisa de Cinema

                           

 

Se a quarentena nos afastou do convívio dos amigos, dos passeios, da vida cultural e demais interações presenciais, ela nos fez ficar ainda mais conectados. Nunca se postou tanto, nunca se zapeou tanto, nunca se viu tanta live e tanto zoom.

Comigo isso também aconteceu. Não me considero uma pessoa com muitas dificuldades tecnológicas, inclusive cedo tive que me adaptar a esse mundo por força do trabalho. Assim, não foi difícil me acostumar com a nova rotina de reuniões virtuais, que servem principalmente para matarmos as saudades daqueles que lá estão, nos quadradinhos. Com tempo sobrando, pude colocar em prática um desejo antigo: Um grupo para discutir filmes. Não só um, mas dois.

O primeiro grupo, hoje com onze componentes, surgiu a partir de uma conversa com integrantes de um grupo maior do qual eu participava. Joguei a ideia e algumas pessoas se interessaram. Criei o grupo no zap, sem muita pretensão e organizamos uma escala para que cada um tivesse sua hora e vez de indicar um filme, segundo sua preferência.  Passei a organizar as reuniões no zoom e fomos começando.

A princípio apenas comentávamos os filmes. Alguns mais detalhistas e técnicos, já outros comentavam a partir de seus sentimentos e percepções. Até que um dia um filme francês mudou tudo, pois sua bela história encontrou eco nas vivências de uma participante. A arte e a vida se encontraram numa forma bonita e afetuosa e ela generosamente partilhou esse capítulo da sua vida com o grupo. Estava criado o vínculo. Já não era mais um grupo que se atinha a um conteúdo cinematográfico, e, pessoas que nem eram tão próximas, criaram um elo de amizade, carinho, confiança e partilha. Nossos encontros acontecem virtualmente duas vezes por semana, mas a interação agora é diária. Já completamos trinta filmes vistos e discutidos e creio que temos fôlego para ir bem mais além. Inicialmente usávamos a forma gratuita do zoom, que logo se mostrou insuficiente para nossa interação. A solução foi passar a usar a forma paga, que é dividida entre todos. Planejamos também encontros presenciais para quando isso for possível e cada reunião nos traz novas e felizes descobertas.

Animada com o resultado do primeiro grupo, propus a três queridas amigas de longa data que, por sinal são irmãs, que repetíssemos a experiência. Ao nosso quarteto foi incorporada uma nova participante, que talvez por estar em Minas, contribua com uma dose extra de doçura. Nosso encontro acontece nos finais de tarde de domingo. É o nosso chá cinematográfico. Aguardo ansiosa por essas tardes. O curioso é que estamos em cidades diferentes, mas a proximidade é tanta, nem parece...

Participar dos grupos de cinema me trouxe um encantamento ainda maior pela sétima arte. Agora minha percepção é outra. Costumo dizer que nunca vemos um filme duas vezes, pois certamente quando o vimos antes estávamos em outro momento de vida e agora o vemos com outro olhar. Se em algum dia eu fosse elencar os aprendizados da quarentena, certamente meus grupos de cinema mereceriam um Oscar.

 

2 comentários:

  1. Vânia você sempre criativa, mais uma atitude extraordinária, parabéns, viva a cultura, viva a sétima arte, 👏👏👏

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